O processo de dar corpo a uma pilha de corações acolchoados
impressos em serigrafia (Sem título, 2014-16) traz ao trabalho novas questões: se a tesoura antes cortava o coração, a produção dos corações agora exige a sua costura simbólica. A criação de vídeos nos quais se preenche e costura os corações dá origem a um trabalho colaborativo que busca pensar os sentidos poéticos do preencher/costurar corações. Na série Estudos para Cirurgias do Coração (2016-2017), o gesto repetitivo da costura é composto por narrativas de outros participantes acerca de suas experiências pessoais. No vídeo Eu não sou daqui (2017), diferentes mulheres falam das relações de familiaridade, estranhamento, pertencimento e não-pertencimento inerente à condição de migrante, imigrante ou viajante, em sentido literal ou metafórico. Trata-se de um trabalho em progresso que se modifica na medida em que novos relatos ou objetos o integram, somando sentidos aos processos de reprodutibilidade técnica utilizados na gravura e na produção dos objetos-órgãos.