Sinestesias, 2011-2016

Série de gravuras em metal e serigrafias que toma emprestada a frase do poema "Budismo Moderno", de Augusto dos Anjos, buscando, em figuras como tesouras e corações, pensar metáforas para as dores e feridas cotidianas, bem como situações de desconcerto diante do mundo.

Real Transportadora Onírica

A Real Transportadora Onírica é fruto da tentativa de materializar um sonho que tive em uma manhã, minutos antes de uma aula de gravura em metal. O texto surgiu enquanto eu acordava, e se desenhava em minha cabeça enquanto eu tentava resgatar uma bicicleta flutuante na qual, em sonho, eu pedalava. Foi a partir dessa série que passei a trabalhar com a relação entre texto e imagens na gravura.

Série Devaneios

A série de gravuras em metal intitulada Devaneios (2011-2016) se iniciou nas tentativas de materializar imagens e sons fugidios e imprecisos como os dos sonhos. Nesse processo, imagens e poesia se complementam na formação de poemas visuais. A palavra busca trazer aos olhos o que o desenho não alcança. O desenho tenta descrever visualmente aquilo que em palavras não pôde ser descrito tão eficientemente.

Palavra Mordente

As gravuras em metal da série Palavra Mordente (2017) são poemas visuais que compõem um livro de mesmo título (em processo), que deve ser lançado entre 2017 e 2018 e foram criadas a partir de poesias escritas por mim, em sua maioria, durante viagens de ônibus entre o trabalho e minha casa no período de 2013 a 2017. Boa parte desses poemas está registrada no link , bem como em um livro inédito manuscrito com tinta nankin.

Sem título

Sem título (2014-atual) é uma pilha de corações impressos em serigrafia sobre algodão branco e preenchidos com fibra sintética que começou a ser produzida junto ao projeto Sinestesias (2011-2016). As primeiras serigrafias que exploravam a imagem do coração foram feitas em 2014, a partir de três telas diferentes. O jogo de imprimir as imagens a partir de três matrizes, nas cores vermelho, branco e preto, por vezes sobrepostas, assim como as falhas do processo de impressão foram pensados em seus sentidos poéticos, enquanto pulsações e batidas. No objetivo de preencher uma sala com pilhas de corações, criou-se um projeto aberto e infinito, no qual os objetos vão sendo produzidos e as pilhas crescem com o passar dos anos.

Estudos Para Cirurgia do Coração

O processo de dar corpo a uma pilha de corações acolchoados
impressos em serigrafia (Sem título, 2014-16) traz ao trabalho novas questões: se a tesoura antes cortava o coração, a produção dos corações agora exige a sua costura simbólica. A criação de vídeos nos quais se preenche e costura os corações dá origem a um trabalho colaborativo que busca pensar os sentidos poéticos do preencher/costurar corações. Na série Estudos para Cirurgias do Coração (2016-2017), o gesto repetitivo da costura é composto por narrativas de outros participantes acerca de suas experiências pessoais. No vídeo Eu não sou daqui (2017), diferentes mulheres falam das relações de familiaridade, estranhamento, pertencimento e não-pertencimento inerente à condição de migrante, imigrante ou viajante, em sentido literal ou metafórico. Trata-se de um trabalho em progresso que se modifica na medida em que novos relatos ou objetos o integram, somando sentidos aos processos de reprodutibilidade técnica utilizados na gravura e na produção dos objetos-órgãos.